20/06/2016
O Pegaí Leitura Grátis e a Penitenciária Estadual de Ponta Grossa (PEPG) acabam de implantar um Hospital de Livros. O mais novo ‘canteiro’ de trabalho da Unidade Prisional foi implantado graças a parceria da PEPG com o Instituto Pegaí. Em funcionamento há três anos em Ponta Grossa, disponibilizando leitura em locais públicos da cidade, o Pegaí conta com diversos livros que foram se deteriorando devido aos empréstimos, e também aqueles que foram doados já com um tempo de uso. Após disponibilizar uma estante na Penitenciária, a parceria se estendeu e viabilizou um local onde os apenados restauram os livros.
Para ensinar os apenados, o voluntário e restaurador do Pegaí, Américo Nunes está realizando um treinamento. Neste início cinco apenados estão realizando os restauros, mas a ideia é dar a oportunidade de trabalho no regime fechado para outros. Edevaldo Bispo dos Santos é um dos novos restauradores da PEPG. “Fico muito agradecido de contar com esta oportunidade. Quem sabe se no futuro eu não trabalhe em uma biblioteca”, fala, esperançoso. Edevaldo conta que hoje ele conhece a importância da leitura. “Eu não sabia disto quando estava lá fora”, relata, contando que hoje participa do programa de remissão pela leitura. “Agora que eu sei como é importante a leitura na vida das pessoas vou fazer de tudo para recuperar os livros, para que ele possa chegar nas mãos das crianças”, garante.
Para o chefe da Divisão de Educação e Produção da Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado do Paraná, Boanerges Boeno Filho, oportunizar capacitações e trabalhos aos apenados é muito importante. “Com isso podemos mudar um pouco a rotina deles, além de qualificá-los”, avalia. Boanerges realiza um trabalho junto as empresas buscando emprego para aqueles que já cumpriram suas penas. “Costumo dizer que temos que estender uma mão agora para não precisar levantar as duas mais tarde”, conta, falando sobre as dificuldades que encontra.
Na Secretaria de Justiça, o diretor busca “oficializar” o canteiro de restauração. Com isto, o apenado poderá ser beneficiado com o pecúlio prisional , além de obter ainda a redução de pena, por conta do trabalho realizado.
Com a implantação do Hospital de Livros, o vice-diretor da PEPG, Mauricio Ferracini ressalta ainda a contribuição dos apenados para a sociedade. “Além de devolver os livros restaurados, estamos atuando para que os apenados voltem à sociedade com mais consciência”.
O Hospital de Livros irá restaurar em um primeiro momento os livros do Pegaí. Atualmente, em torno de 300 livros necessitam de restauro. O Instituto recebe ainda mensalmente, em média, 30 livros que necessitam de algum tipo de cuidado. De acordo com Ferracini, pela Penitenciária, há ainda a necessidade de restaurar os livros da biblioteca e da escola Ceebja, que atua no local. “Há inclusive, a necessidade de realizar troca de capas dura dos livros doados, e que não são permitidas no regime fechado devido à segurança do local”, conta. O material do Hospital também servirá para esta finalidade, de converter as capas duras para aquelas permitidas dentro do regime fechado.
Para viabilizar o Hospital de Livros, o Pegaí disponibilizou à Penitenciária os equipamentos necessários. Já estão na PEPG guilhotina, prensa e suporte para o início das restaurações. Estes equipamentos foram doados ao Pegaí por gráficas que já não estão realizando serviços em Ponta Grossa e apoiam a causa. “Com o Hospital estamos oportunizando uma nova chance para os livros e para os apenados”, resume o coordenador do Pegaí, Idomar Augusto Cerutti, destacando a Missão do Hospital de Livros: “Dar nova oportunidade para livros e pessoas”.
O Pegaí Leitura Grátis atua na PEPG desde o mês de outubro de 2015, quando implantou uma estante permanente para colaboradores. Além dos colaboradores, os apenados também tem acesso aos livros disponibilizados pelo Instituto Pegaí.
Restauração
A princípio são os livros do Pegaí que estão sendo restaurados no Hospital da PEPG, mas a comunidade em geral também será beneficiada com o trabalho dos apenados. “Eles farão a restauração de bibliotecas de escolas municipais e estaduais, bem como bibliotecas de outras unidades penais”, adianta Cerutti.