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‘Leitura Grátis’ chega à Penitenciária de Ponta Grossa
13/11/2015
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A estante do refeitório sendo ‘conferida’ por apenado que trabalha no local

A Penitenciária Estadual de Ponta Grossa (PEPG) é a mais nova parceira do Instituto Pegaí Leitura Grátis. Agora servidores e apenados terão a disposição livros do Pegaí. A proposta primeiramente foi apresentada aos servidores durante a confraternização do Dia do Agente Penitenciário desta sexta-feira, e nas próximas semanas será expandida para aqueles que estão cumprindo suas penas na instituição. Para o diretor do Ceebja Professor Odair Pasqualini – escola que funciona em parceria com a unidade prisional – Marcos Otávio Lemes, a proposta de Leitura Grátis só vem a agregar o sistema que hoje já funciona na Penitenciária. “A questão da leitura já é bem direcionada”, explica, destacando que além de projetos, há presidiários que estão dando continuidade em seus estudos por lá. Na PEPG há salas de aula tanto para o regime semi-aberto quanto para o fechado.

Os cerca de 150 servidores da Penitenciária – entre agentes penitenciários, serviços administrativos e escola – já contam com uma estante do Pegaí em seu refeitório. “É importante destacar que estes livros não vão circular somente dentre os colaboradores, mas também entre a família de cada um deles”, destaca o idealizador do Pegaí, Idomar Augusto Cerutti. Já os livros destinados aos apenados serão distribuídos de maneira diferente. “Iremos fazer uma triagem”, antecipa Lemes, que ficará responsável pela distribuição das obras entre os presos. Devido a segurança do local, a própria Penitenciária ficará responsável pelo “abastecimento” de livros em suas ‘estantes’.

Na Penitenciária há 210 presos em sala de aula e outros 90 nos setores de trabalho que já participam do projeto de leitura. “Cada um deles lê, invariavelmente, um livro por semana. Devido ao grande número de presos atendidos é grande a necessidade de material para leitura, já que há um desgaste grande no acervo”, explica o diretor do Ceebja, completando ainda que os livros serão destinados também aos presos que não participam destas atividades.

Além de proporcionar ‘aprendizado’ aos apenados, os livros já são utilizados para a redução de suas penas. Através da lei Estadual nº 17.329/2012, “o condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semi-aberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena”. No caso da leitura, a redução é de quatro dias de sua pena total, caso ele pratique leitura de obra clássica, literária ou filosófica no período de trinta dias. Conforme o diretor da PEPG, Luiz Francisco da Silveira, 20 dias são destinados a leitura e outros dez para que o apenado realize uma resenha do livro escolhido, que será avaliada por um educador qualificado. “Mas antes de ser instituída esta lei já trabalhávamos com o incentivo à leitura”, aponta, contando que alguns dos projetos da unidade prisional já foram reconhecidos. “A Penitenciária de Ponta Grossa é uma unidade diferenciada, e por isso buscamos estes trabalhos também diferenciados que visam possibilitar aos presos a reinserção na sociedade”, avalia, citando, além do projeto de leitura, outros como a justiça restaurativa, o projeto de direitos humanos em cinema, a questão religiosa, os cursos oferecidos através de parceria com o Instituto MM e os trabalhos realizados pelos presos.

Com esta nova parceria, além de expandir a proposta de leitura grátis, livros que seriam ‘descartados’ pelo Pegaí serão aproveitados. “Aqueles livros que não colocamos em nossas estantes, que não são o foco do Pegaí, poderão ser destinados à Penitenciária”, destaca Cerutti, ressaltando a “destinação adequada” dos materiais não aceitos pelo Pegaí.